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Chapada dos Vedadeiros, Brasília e Pirenópolis

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Mensagem por Guilherme Orlando Dom Jul 06, 2014 4:15 pm

Pessoal vai o relato da minha viagem para a Chapada dos Veadeiros, Brasília e Pirenópolis! Um abraço e espero que gostem.

Alguns acreditam que a nossa vida é uma viagem, seríamos todos estrangeiros de passagem por esse mundo, se isso for verdade, como creio, a experiência de viajar de moto é uma forma de viver outras vidas nesta. Passear sobre duas rodas já contribui para isso, a moto nos leva para outro universo, no qual você é parte da estrada, do ambiente, a interação é total, o cara que existia, antes de subir na moto desaparece, quem pilota sabe disso, depois de um certo tempo rodando, quando as dores já foram anestesiadas, as cãibras somem, só resta a sensação de liberdade, por isso, não vou perder meu tempo tentando descrevê-la, não há palavras suficientes. O breve relato, resume essa experiência, enfim, chega de filosofia "motociclística" e vamos ao breve resumo.

Nesta viagem, eu percorri exatos 2862 Km com a minha companheira fiel, uma Honda Shadow 750, sai de Nepomuceno no dia 24 de Junho, passando por Perdões, Campo Belo, seguindo a BR 354 até alcançar a BR 040 em Paracatu. Como dito, sobre uma moto as sensações são outras, interagimos com o entorno, neste trecho da viagem a interação foi além do que já tinha experimentado... eu estava a mais de 100Km/h, quando inesperadamente sai um falcão voando do mato em minha direção, não tive tempo de reagir, só senti o animal batendo no peito com toda a força, foi uma bela pancada, segurei firme a moto e, recobrado do susto, alguns metros à frente, passou na minha mente uma possibilidade, improvável: o animal ainda poderia estar vivo. Acreditando no impossível, fui para o acostamento fazer o retorno, quando vi dois caminhões passando, ou seja, certamente quando chegasse no lugar do acidente veria apenas uma carcaça bem prensada na chapa do asfalto...perda de tempo... mas, para a minha surpresa, o falcão estava vivo! Lá estava ele entre as duas pistas, ainda tonto do golpe, no mesmo instante desci da moto corri para a pista e o peguei rapidamente.

Este foi um dos momentos bacanas da viagem, poder salvar aquela ave selvagem e tê-la nas mãos (que só saíram inteiras graças às luvas de couro que resistiram às vigorosas bicadas do bicho) alguns minutos depois o falcão recobrou as forças e tive o prazer de vê-lo voando, uma das primeiras emoções da viagem, saí daquele evento feliz por ter visto o falcão inteiro.

Como o falcão, segui o meu caminho, depois de 900 km, já no Estado de Goiás, restando aproximadamente 130 km do meu destino, a Chapada dos Veadeiros, o sol, meu companheiro de viagem resolve me abandonar, com a fome batendo, paro em um posto na beirada da BR 010, depois de um café com leite e alguns salgadinhos, a moto começa a exercer o seu poder atrativo, esse fascínio inexplicável fazedor de amizades. Um fazendeiro da região que estava ali resolve puxar papo, queria saber de onde vinha, para onde estava indo, etc... e acabo descobrindo que ele é mineiro, durante a prosa (ferramenta muito mais eficaz que qualquer GPS), fico sabendo que a rodovia, logo à frente, está em obras, o que era asfalto virou uma mistura de terra e brita solta, ou seja, um pesadelo para quem está pilotando uma moto custom de quase 300 quilos, ele ainda me disse que até carros pequenos estavam encontrando dificuldades, ou seja, impensável seguir nessas condições durante a noite. Para a minha sorte havia um Motel, com o sugestivo nome de Oásis, ao lado do posto e, claro, a opção foi um quarto com hidromassagem, onde fiquei de molho por quase duas horas, depois foi só apagar, não tive forças nem para ter pesadelos com a estrada que me aguardava (pelo menos não dormi na banheira).

Segui o rumo e descobri, para a minha felicidade, a imaginação é muito mais poderosa que a realidade, o capeta que havia desenhado não era tão feio assim afinal, venci os dez quilômetros e cheguei em Alto Paraíso de Goiás, cidade que fica na região da Chapada dos Veadeiros. Depois de um banho ainda fiz uma caminhada de 6 km até uma cachoeira próxima, de águas transparentes, onde fiz o primeiro descarrego das tensões naturais da viagem, começava aí o meu passeio pela belíssima Chapada dos Veadeiros (http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_da_Chapada_dos_Veadeiros), região merecidamente incluída na lista do Patrimônio Mundial pela Unesco .

No dia seguinte, por volta das 7:00, depois de um rápido café da manhã na acolhedora pousada Casa Rosa, onde tive o privilégio de ter um salão de eventos para guardar a minha companheira de estrada, sai para conhecer as belezas da região, no itinerário estava o Vale da Lua (http://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_da_Lua) e a cachoeira de Almácegas, com 45 metros de queda, a natureza realmente não poupou esforços para embelezar o lugar, as formações rochosas são incríveis, o vale da lua, como o nome já evoca, parece te transportar para fora do planeta, um lugar bacana para se tentar deixar a mente vazia.

Com o crepúsculo a caminho, precisando repor as forças, fui até o Zu’s Bistro (http://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review-g2159104-d5667673-Reviews-Zu_s_Bistro-Alto_Paraiso_de_Goias_Chapada_dos_Veadeiros_National_Park_State_of_G.html), que, além dos pratos, tem na sua proprietária a atração principal, a Vera, que, além de tudo, é motociclista (ganhou uma moto do próprio filho, talvez a única mãe a receber um presente desses), é uma simpatia, com altíssimo astral atende a todos os clientes, além de elaborar pratos deliciosos, é um lugar para quem está fora de casa, se sentir em casa. No dia seguinte, a mesma “rotina”, caminhada por trilhas e desta vez a queda conhecida foi a dos Couros, para mim, a mais bonita das que pude ver. (http://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g2159104-d2388782-Reviews-Catarata_dos_Couros-Alto_Paraiso_de_Goias_Chapada_dos_Veadeiros_National_Park_St.html).

No dia 28 de Junho fui para a região de Araçu, onde me hospedei na fazenda de uma tia da minha esposa, peguei uma estrada de quase dois quilômetros de estrada de terra, pouco? Não para quem está de custom, muito cascalho solto, moto pesada e patinando, enfim, um belo sufoco, e eu que acreditava que já tinha encerrado minha aventuras off road.... Nesta estadia tive a oportunidade de ver algo praticamente já extinto em Minas Gerais, uma comitiva de tropeiros, com carros de bois, seguindo uma romaria. A noite esse pessoal fez uma festa, claro, muita cerveja e carne, para agradecer aos donos da fazenda pela estadia, uma boa oportunidade para recuperar as energias e deixar de lado a tensão que a estradinha de terra me proporcionou.

Dia amanhecendo parti para Brasília e depois para a cidade de Pirenópolis/ GO, no caminho encontrei com um amigo do nosso grupo (https://www.facebook.com/groups/PHShadow/?fref=nf) Heitor Leandro, que pilotava uma raridade, uma Suzuki Intruder 1400. No caminho da cidade fomos parados em uma blitz da lei seca, eu, há pouco tempo em um parada, só por curiosidade, perguntei como andava a fiscalização... boca santa... o escolhido para passar pelo “teste” foi o meu amigo que com louvor foi "aprovado". Enquanto o resultado não saia, aproveitei para tomar uma água, quando já estava na estrada percebi que havia deixado meus óculos de grau em cima de um dos alforges, moral da história, não os encontrei, caíram no asfalto, a sorte que tinha um “backup” e deu tudo certo, ao que parece o policial escolheu o cara errado para o teste....kkkkkk

Pirenópolis é uma cidade que lembra muito Tiradentes, tentamos chegar para pegar o museu Rodas do Tempo aberto (http://www.rodasdotempo.com.br), ele é dedicado a veículos sobre duas rodas, um dos maiores da América Latina! Mas quando chegamos já estava fechado....o teste do bafômetro e o incidente com os meus óculos nos atrasaram, paciência, depois de comer uma pizza muito bacana do Bar do Alemão e tomar uma cerveja gelada (a moto já estava guardada, o teste do bafômetro mexeu comigo).

Depois do passeio fui acomodar o esqueleto na excelente pousada Walkeriana (bom custo benefício). O meu plano era sair às 5:00, às 4:30 da matina estava de pé, moto arrumada (o que dá um certo trabalho, carregar alforjes, etc), já todo paramentado, vou dar a partida na moto, estava bem frio, ela pega, mas não sustenta a aceleração e morre depois, tento o afogador, mais um breve sinal de vida e depois para, morta ela ficou, mesmo depois de várias tentativas, frustrado, a solução foi descarregar a moto, tirar toda a roupa e voltar para a cama.

No dia seguinte, animado, na crença de que talvez a moto tenha apenas afogado, pego a chave e com confiança dou a partida e....nada... adeus confiança, já começava a pensar nas possibilidades mecânicas e elétricas... retiro as velas, todas estão ok, havia carga, então o problema era no combustível, que não estava chegando por alguma razão ao carburador.

Um funcionário da Pousada, vendo o meu sufoco, pede licença para chamar um mecânico, Jurandir Miranda, que cuidava, adivinhem? das motos do museu! (minha gratidão me obriga a fazer a propaganda: rtmotors12@gmail.com) Ou seja, minha moto não poderia estar em melhores mãos, quando ele chega desmontamos o tanque e o problema era no diafragma da torneira de combustível, por uma razão qualquer (talvez não tenha se dado bem com alguma bebida goiana...kkkk) tinha travado, tudo resolvido! Como já passavam das 10 da manhã, depois de um belíssimo café da manhã (que teria perdido se meus planos de madrugar tivesse dado certo), aproveitei para conhecer o museu.

Cara! a “ressaca” da minha moto não podia ter sido mais providencial, seria um pecado sair dali sem conhecer o lugar, o acervo é fantástico! imperdível para quem ama duas rodas! Dificilmente em algum lugar do País você verá tantas joias em um só lugar! De quebra, ainda tive a oportunidade de conhecer, graças ao amigo Jurandir, a oficina onde eles ressuscitam as motos, um trabalho fantástico, que inclui muitas vezes a produção do zero de peças para restauro. Depois dessa, não faço mais esse tipo de insanidade de acordar de madrugada para pegar a estrada, minha moto gosta de dormir até mais tarde, aprendi a respeitar suas vontades.

Depois de um belo almoço no restaurante Serras em Pirenópolis, encarei os quase mil quilômetros que me separava de casa, no caminho, encontrei irmãos de estrada, um inclusive, que vinha do Mato Grosso a destino de São Paulo, e já estava há três dias na estrada com sua Teneré, mesmo sabendo da tocada mais calma de uma custom, ele me acompanhou por mais de 100 quilômetros, passei pela cidade de Patrocínio, onde dormi e depois segui para chegar em segurança em casa. Enfim, depois dessa viagem, o que me restou, para não sofrer da abstinência de estrada, foi realizar esse relato, assim posso viajar de novo. É isso, um abraço e que venha a próxima! Segue o link do resumo dos 2.800 kms e bolinha em um videozinho de menos de 4minutos.
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Mensagem por Regadas Seg Jul 07, 2014 12:55 am

Por acaso esse defeito tem a ver com esse tutorial: Troca do diafragma da Shadow 750 ?
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Mensagem por Guilherme Orlando Seg Jul 07, 2014 1:00 pm

César, isso mesmo, eu havia comprado uma diafragma reserva, contudo o gênio aqui esqueceu de levar...a sorte que ele tinha só travado...acho que foi alguma bebida goiânia....kkkkkkk
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